11 de agosto de 2014

A classe média e a corrida dos ratos


Há algum tempo tenho pensado na vida árdua da classe média brasileira. Recentemente, veio à tona nos meios de comunicação que o brasileiro trabalha cinco meses do ano somente para pagar impostos ao governo. E para que pagamos impostos no Brasil? Os altos tributos, aliás, um dos mais altos do mundo, deveriam financiar excelentes condições para a população, desde um sistema público de saúde decente, uma educação primorosa, segurança e infraestrutura de alto padrão. Mas onde, em qualquer recanto desse país essas condições podem ser vistas?

Robert T. Kiyosaki em seu livro Pai Rico Pai Pobre compara a classe média trabalhadora aos hamsters que vivem engaiolados correndo em uma roda que não leva a lugar algum.  E é exatamente essa a sensação que temos. 

Nós, a classe média brasileira, corremos, corremos, corremos e não conseguimos sair do lugar. Para que pagamos impostos? Questiono mais uma vez. Sem dúvida para subsidiar a corrupção, a mordomia dos políticos e as milhões de bolsas que o governo multiplicou de forma exponencial e que tem alimentado a preguiça e a inércia de muitos. Afinal muitos daqueles que hoje são dependentes das tantas bolsas não querem arranjar emprego a não ser que seja para ganhar altos salários sem fazer nada. 

Para que trabalhar se há quem lhes dê dinheiro de graça. E quem sustenta essa bancarrota? Nós, a classe média trabalhadora. 

O leão abocanha grande parte de nossa renda antes mesmo de a recebermos. E quando recebemos nosso salário, mal dá para cobrir nossas despesas básicas. Sim, despesas básicas, pois num país onde o transporte público não funciona, possuir um carro, por exemplo, tornou-se uma necessidade e uma despesa básica que o próprio governo incentiva isentando de impostos várias vezes às indústrias automobilísticas para baixar o preço dos automóveis e acelerar o consumo. Pouco importa se não há infraestrutura, pouco importa se as ruas das grandes cidades estão entupidas de carros, ora quanto mais carros, mais arrecadação. 

Aliás, o IPVA, famigerado Imposto Sobre Veículos Automotores é um dos mais altos do mundo e a menina dos olhos dos governos estaduais que geram grandes fortunas anuais aos cofres públicos e que só Deus sabe onde é investido, pois nós simples mortais não vemos retorno nenhum. Pagamos um preço altíssimo por combustível, pagamos prestações e juros altos se quisermos possuir um carro – ou alguém da classe média compra carro à vista? – Se assim o for, você já está em outro patamar, meu amigo. Pagamos altíssimo por um seguro, pois não há nenhuma segurança nesse país e assim vamos, pagando, pagando, pagando; correndo, correndo, correndo... E os gatunos atrás de nós...

Aonde vamos chegar? Muito simples, amigo: Muitos nem chegarão, pois certamente sofrerão um infarto antes dos 40, outros morrerão de câncer antes dos 50, pois o que colocamos à nossa mesa está cheio de veneno, agrotóxicos sem controle colocados nas lavouras pelos grandes produtores que só visam lucro. Alimentos industrializados que são verdadeiras bombas químicas que, ao longo do tempo, vão destruindo nossas células e nossa saúde. Os que restarão, chegarão a uma aposentadoria mísera depois de morrer de trabalhar pagando impostos e à Previdência Social para ter um salário de fome que não dá nem para comprar os inúmeros remédios para aliviar um pouco as doenças oriundas de uma vida de sacrifícios e trabalho desmedido.

E os outros? Sim, aqueles que não se enquadram na classe média, os pobres e os ricos. Os ricos... ah, esses sempre sabem como burlar o sistema tributário para se livrar dos altos tributos. E os pobres? A maioria esmagadora continuará pobre conformada com as muitas bolsas-auxílio que recebem e continuarão sugando o suor de quem trabalha, outra parte descontente com o pouco que governo lhes dá, tornar-se-ão a pior espécie humana, os bandidos. Esses não sugarão apenas suor, mas o próprio sangue da classe média quando não o derramam sobre o chão de nossas cidades caóticas.

Diante desse cenário, para onde ir? Algumas mentes abertas para a educação financeira que aprenderão a não se dobrar às armadilhas do consumo como quer o governo, conseguirão sair da corrida dos ratos trabalhadores e serão empreendedores, investidores, donos de grandes negócios. 

Mas a grande, a esmagadora maioria da classe média terá o mesmo triste fim... Portanto, se você quiser sair pela tangente dessa corrida maluca, abra os olhos e a mente, não seja hamster correndo sem sair do lugar e nem seja rato correndo dos gatunos que são muitos no Brasil e que lhe pegarão onde quer que você vá.

Nunca antes, nesse país, aquele velho ditado fez tanto sentido: “Se correr, o bicho pega. Se ficar, o bicho come.” Miaauuuuuuu!

Você pode deixar de ser rato, mas ninguém o fará por você!

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